Empresas de TI buscam ‘escravos qualificados’, reclama sindicato

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Uma pesquisa do Instituto Sem Fronteiras (ISF) divulgada nesta semana enfureceu quem atua no mercado de tecnologia. Isso porque os resultados indicam que 39% dos líderes de TI no Brasil culpam a baixa qualificação dos profissionais pelo tímido crescimento econômico do setor.

Em entrevista ao Olhar Digital, o presidente do sindicato dos trabalhadores, Antonio Neto, considerou a alegação “estapafúrdia” e disse que “os patrões querem um escravo altamente qualificado”.

“Os empresários querem que o trabalhador invista milhares de dólares em sua formação, em seus certificados, mas não querem pagar o justo por este investimento”, reclama. “É por isso que a falta de investimento promove a debandada dos trabalhadores do setor de TI para outros segmentos, com melhores salários, plano de cargos e carreiras e possibilidade de crescimento. E também não é possível o profissional gastar uma fortuna para se capacitar se não houver, por parte das empresas, o reconhecimento profissional.”

O Sindpd (o sindicato) propõe “há anos” que os contratos dos trabalhadores incluam uma cláusula que faça com que as empresas reembolsem o valor gasto com estudos, medida que enfrenta resistência das empresas.

Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas do ISF, comentou ao divulgar os resultados do estudo que o investimento com mão de obra, que representava 25% dos orçamentos em 2007, hoje toma 36% do dinheiro das empresas – situação que comprometeria o desenvolvimento do setor.

Mas uma pesquisa realizada pelo DataFolha, a pedido do Sindpd, revelou que 73% dos trabalhadores têm graduação ou pós-graduação e 79% costumam usar o tempo livre para se dedicar aos estudos, mesmo em casa. A pesquisa ainda mostrou que a pior avaliação foi referente ao reconhecimento e valorização profissional (30%), incentivo à educação e profissionalização (30%) e plano de cargos e salários (25%).

“O patronal engloba muitas empresas que podemos considerar extremamente predatórias: elas têm como meta achatar salários, promover a desregulamentação dos direitos do trabalhador e especialmente a retirada de incentivos. As empresas se portam como vítimas, mas elas são as grandes responsáveis pela queda do incentivo e da capacitação dos profissionais”, expõe Neto.

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